sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

As pessoas costumam dizer que eu sou distraída. Mal sabem elas, o quão mais distraída eu gostaria de ser. As pessoas não sabem, como é difícil se distrair. Eu gostaria de me distrair pra sempre. Tornar-me a pessoa mais distraída do mundo, livre de qualquer concentração.
Quando nos concentramos é sempre naquilo que dói. E eu quero me livrar do que dói. Tenho me concentrado em imagens bonitas, em lembranças que talvez nem tenham existido, em sentimentos que talvez eu nem tenha sentido... queria me distrair pra me livrar, pra não pensar, pra não doer. Mas há algo em mim que não se cansa, por isso não descansa, há algo doloroso. Resta clamar pra que venha o tempo. Não na forma lenta como vem para os que esperam, mas veloz como só sabem os que correm…Porém fecho os olhos e os abro quando sinto um ano passar dentro de mim, mas lá está o ponteiro marcando os minutos de sempre. As infinitas horas que não se desgrudam dos dias, do calor infernal, do frio miserável, de qualquer clima ruim, de qualquer espaço apertado demais ou vazio demais. Nada é a medida exata, não há quantidade certa, nem valores corretos. Tudo o que sinto é demais ou de menos. Pode ser que esteja tão claro que eu não consiga abrir os olhos ou tão escuro que eu não possa enxergar. De qualquer modo procuro uma parede pra me apoiar, de qualquer modo não consigo caminhar. Porque de qualquer maneira, eu estou cega.

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